quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Phones on: Runaways por The Killers
The Killers é esta banda que eu torço para perder o vício, mas a melodia deles, as letras, a banda, o show... Tudo. Eu gosto desta vibe de rock, de indie, de cantar até os pulmoes nao aguentarem, e dançar sem julgamento. E o novo CD deles, eu perdi de novo.
PS: Flowers, nunca mude.
Blonde hair blowing in the
summer wind
A blue-eyed girl playing in the sand
I've been on a trail for a little while
But that was the night that she broke down and held my hand
A blue-eyed girl playing in the sand
I've been on a trail for a little while
But that was the night that she broke down and held my hand
The teenage rush, she said:
Ain't we all just runaways? We got time
But that ain't much
We can't wait 'till tomorrow
Ain't we all just runaways? We got time
But that ain't much
We can't wait 'till tomorrow
You gotta know that this is
real, baby
Why you wanna fight it?
It's the one thing you can't do
Why you wanna fight it?
It's the one thing you can't do
We got engaged on a friday
night
I swore on the head of our unborn child
That I could take care of the three of us
But I got the tendency to slip when the nights get wild
It's in my blood
She said she might just runaway to somewhere else, some place good
We can't wait 'till tomorrow
I swore on the head of our unborn child
That I could take care of the three of us
But I got the tendency to slip when the nights get wild
It's in my blood
She said she might just runaway to somewhere else, some place good
We can't wait 'till tomorrow
You gotta know that this is real, baby
Why you wanna fight it?
It's the one thing you can't do
Why you wanna fight it?
It's the one thing you can't do
Let's take a chance, baby, we can't loose
Ain't we all just runaways?
Ain't we all just runaways?
I knew it when I met you
I'm not gonna let you runaway
I'm not gonna let you runaway
I knew it when I held you
I wasn't letting go
I wasn't letting go
We used to look at the stars and confess our dreams
Hold each other 'till the morning light
We used to laugh now we only fight
Baby, are you lonesome now?
Hold each other 'till the morning light
We used to laugh now we only fight
Baby, are you lonesome now?
At night I come home after they go to sleep
Like a stumbling ghost, i haunt this house
There's a picture of us on our wedding day
I recognize the proof but I can't settle in this walls
Like a stumbling ghost, i haunt this house
There's a picture of us on our wedding day
I recognize the proof but I can't settle in this walls
We can't wait 'till
tomorrow
Now we're caught up in the
appeal
Baby, why you wanna hide it?
It's the last thing on my mind
I turn the engine over and my body just comes alive
Baby, why you wanna hide it?
It's the last thing on my mind
I turn the engine over and my body just comes alive
Ain't we all just runaways
I knew it when I met you
I knew it when I met you
I'm not gonna let you runaway
I knew it when I held you
I wasn't letting go
Ain't we all just runaways?
domingo, 4 de novembro de 2012
Brincando com as palavras: Microcosmo
Somos átomos que dançam
Espalham-se em nevoas
Pixels que se abraçam
Tramam o que éramos
Amoras que se clivam
Organizam-se no que seremos
Espalham-se em nevoas
Pixels que se abraçam
Tramam o que éramos
Amoras que se clivam
Organizam-se no que seremos
Somos esta confusão de tecidos
Compartilhados eletricamente
Adoráveis comunidades funcionais
Arranjadas quimicamente
Uma tapeçaria complexa
Abusada vergonhosamente
E não passamos de pontos
Relacionam-se amigavelmente
Pingos de chuva ácida
Alastram-se impiedosamente
Grãos de pó na terra
Questionam-se constantemente
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Focus: Princesa Leia e a Disney
Yeah!
Ja que a Disney enganou geral com a 1a princesa latina, temos a 1a princesa geek! #muito medo deste 7 filme.
Ja que a Disney enganou geral com a 1a princesa latina, temos a 1a princesa geek! #muito medo deste 7 filme.
O George Lucas está muito confiante com esta compra, e a Pixar nao perdeu TANTO sua personalidade nas animaçoes, entao talvez haja algo de esperança.
Se por um lado, a nova princesa da marca segue a tradiçao das princesas/protagonistas da Disney: mae morta, pai cruel/idiota que acha luz no final, namorado teimoso, final feliz.... Como a maravilhosa Lindsay, do Nostalgia Chick, tao bem demonstrou:
Se por um lado, a nova princesa da marca segue a tradiçao das princesas/protagonistas da Disney: mae morta, pai cruel/idiota que acha luz no final, namorado teimoso, final feliz.... Como a maravilhosa Lindsay, do Nostalgia Chick, tao bem demonstrou:
Por outro, ela é a fucking Princesa Leia!!! Se a Disney consegui destruir um mito como ela, o fim do mundo está proximo realmente. No more.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Phones on: Take on me por A-Ha
Essa musica me lembra de mais o meu irmao, nao é para menos que o toque do meu celular para ele. É esta coisa que temos de dançar musicas dos anos 80 com seus tipicos passinhos de dança. E esta musica do A-Ha é um classico!
We're talking away
I don't know what I'm to say
I'll say it anyway
Today's another day to find you
Shying away
I'll be coming for your love, OK?
I don't know what I'm to say
I'll say it anyway
Today's another day to find you
Shying away
I'll be coming for your love, OK?
Take on me
Take me on
I'll be gone
In a day or two
Take me on
I'll be gone
In a day or two
So needless to say
I'm odds and ends
But I'll be stumbling anyway
Slowly learning that life is OK
Say after me
It's no better to be safe than sorry
I'm odds and ends
But I'll be stumbling anyway
Slowly learning that life is OK
Say after me
It's no better to be safe than sorry
Take on me
Take me on
I'll be gone
In a day or two
Take me on
I'll be gone
In a day or two
Oh the things that you say
Is it life or just to play my worries away
You're all the things I've got to remember
You're shying away
I'll be coming for you anyway
Is it life or just to play my worries away
You're all the things I've got to remember
You're shying away
I'll be coming for you anyway
Take on me
Take me on
I'll be gone
In a day or two
Take me on
I'll be gone
In a day or two
Brincando com as palavras: Fuga
Sempre tive vontade de fugir
para uma tela de Gauguin.
Jogar-me de olhos fechados, me misturar nas cores.
Usar apenas seus vermelhos e azuis amarrados a minha pele,
Jogar-me de olhos fechados, me misturar nas cores.
Usar apenas seus vermelhos e azuis amarrados a minha pele,
E uma flor branca atrás da
orelha.
Tingir minha pele com o sol e espalhar meus cabelos no mar.
Tingir minha pele com o sol e espalhar meus cabelos no mar.
Secar minha nudez sem pressa na
areia.
E usar a sombra de uma arvore para comer uma fruta,
E usar a sombra de uma arvore para comer uma fruta,
Perdida em pensamentos vastos.
Mesmo que o bom selvagem seja um bom conto em acrílico e pano,
Mesmo que o bom selvagem seja um bom conto em acrílico e pano,
É uma das minhas fugas
favoritas.
Um escape nostálgico, onde
escuto musica e riso.
O bater das ondas nas rochas, a
vida dos animais em volta.
É uma liberdade boba, algo
pueril, mas as paixões sempre me devoram.
domingo, 28 de outubro de 2012
Focus: Colbert coloca Trump no seu devido lugar
Na quarta-feira, Donal Trump ofereceu 5
milhões de dólares para qualquer organização de caridade que o Presidente
Obama escolha, contanto que o Presidente deixe publico o seu histórico
universitario ate o dia 31 de out, 5 PM. O magnata disse a imprensa
que mais uma vez quer provar (ele já fez este circo antes cm a certidão de
nascimento do presidente) que Obama foi um péssimo aluno e apenas foi para a
Ivy League por ser intercambista africano (Preconceito oi?Q outro
presidente teve q passar por isso?) Em resposta, o humorista politico
Colbert ofereceu 1 milhão de dólares a Trump, nas mesmas condições e
palavras deste, contato que o magnata permita que o humorista enfie as
bolas dele na boca de Trump... "porque nada faria América mais feliz que
algo dentro da sua boca, ao inves de algo saindo dela! Façamos pelas
crianças!"....LOL
Pipoca: Medianeras por Gustavo Taretto
Foi a Lili que veio ao meu pedido de socorro por um bom filme, aquele filme que você não quer largar no meio por logo compreender o final. Aquele que você poderia ver novamente imediatamente apos os creditos passarem.
Minhas obras preferidas são aquelas que lembra da importância de um título, o que ele significa, o convite entre a historia e o publico, o sentido do que será conhecido. Nada obvio. As peças se encaixam e você se maravilha.
Perfume, brincos e batom... Eram as 3 coisas que minha mãe nunca saia de casa sem te-los consigo. Quando sai correndo sem seguir a regra, ela gritava "...e se você der de cara com o homem da sua vida?!"...A resposta era gritada também "Se ele for, é bom que me reconheça assim então".
Nunca quis ser uma obra a ser admirada, nem barroca ou cubista, sempre quis ser um encontro cósmico. Estrelas que se alinham, e nos maravilhamos.
A Lili me contou que era o melhor filme que ela tinha visto, que a Pati tinha passado a dica para ela, o cinema argentino tem este tom de poesia e inteligencia, e já digo que foi uma uma pequena aventura encontra-lo para assisti-lo.
Os filmes antigos, pretos e brancos ou em Tecnicolor, me encantam; contudo não há nada que me faça mais feliz que ver um filme contemporaneo que fale realmente sobre a era que vivemos. Sequências, adaptações, refilmagens acumulam-se nos cinemas. O que aconteceu com os roteiros originais?
Os argentinos são estes irmãos que invejamos e brigamos pelos brinquedos, alem do futebol, não podíamos brigar em quem é melhor na 7a arte?
Gurias, obrigada pela dica. Vocês abriram uma janela de luz na minha medianera.
Minhas obras preferidas são aquelas que lembra da importância de um título, o que ele significa, o convite entre a historia e o publico, o sentido do que será conhecido. Nada obvio. As peças se encaixam e você se maravilha.
Perfume, brincos e batom... Eram as 3 coisas que minha mãe nunca saia de casa sem te-los consigo. Quando sai correndo sem seguir a regra, ela gritava "...e se você der de cara com o homem da sua vida?!"...A resposta era gritada também "Se ele for, é bom que me reconheça assim então".
Nunca quis ser uma obra a ser admirada, nem barroca ou cubista, sempre quis ser um encontro cósmico. Estrelas que se alinham, e nos maravilhamos.
A Lili me contou que era o melhor filme que ela tinha visto, que a Pati tinha passado a dica para ela, o cinema argentino tem este tom de poesia e inteligencia, e já digo que foi uma uma pequena aventura encontra-lo para assisti-lo.
Os filmes antigos, pretos e brancos ou em Tecnicolor, me encantam; contudo não há nada que me faça mais feliz que ver um filme contemporaneo que fale realmente sobre a era que vivemos. Sequências, adaptações, refilmagens acumulam-se nos cinemas. O que aconteceu com os roteiros originais?
Os argentinos são estes irmãos que invejamos e brigamos pelos brinquedos, alem do futebol, não podíamos brigar em quem é melhor na 7a arte?
Gurias, obrigada pela dica. Vocês abriram uma janela de luz na minha medianera.
sábado, 27 de outubro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Focus: Até quando viveremos obscuros na hipocrisia?
Mas ainda há esperança ao sul do Continente, pois seguindo sua sempre legislatura de vanguarda, o Uruguai acaba de retirar as sanções penais na interrupção da gravidez nas primeiras 12 semanas, ou 14 semanas no caso de estupro. Ou seja, um pais que sempre conseguiu entender o que É uma democracia LAICA; onde os ROSÁRIOS ficam foram dos úteros das mulheres, e onde não há a hipocrisia de PENSAR que abortos não são cometidos todos os santos dias (quem tem dinheiro sobrevive).
Não é para menos que o Uruguai foi o 1o pais latino americano a aprovar nacionalmente o divorcio (1907), o voto feminino (1917), eutanásia ativa (1934), o casamento homo afetivo (2007), adoção de casal do mesmo sexo (2009), direitos civis são direitos do cidadão e não do Estado. E onde a mulher não é cidadã de 2a categoria ou propriedade alheia.
Aqui por quase 70 anos, brasileiros iam se casar no Uruguai para poder se beneficiar da lei do divorcio posteriormente, e bradar que AINDA era um pais de moral e costume, onde lei alguma quebrava a sacra família... Nem protegia os filhos de lares desfeitos, partilha igualitária de bens, violência domestica... Esses meros detalhes. É vergonhoso que apenas a Ditadura Militar conseguiu "impor" a lei do divorcio, numa covardia moral congressista de décadas.
Faremos a mesma coisa agora?! Ou haverá fim para a hipocrisia nacional?!
https://www.hrw.org/news/2012/10/26/uruguay-new-abortion-law-breaks-ground-women-s-rights
https://www.hrw.org/news/2012/10/26/uruguay-new-abortion-law-breaks-ground-women-s-rights
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Fragmentos: Lyrics
Eles tinham se encontrado da pior maneira possivel. Calor arrasador,
tristeza palpável. O choro mais urgente se ouvia em uma e outra parte da
igreja, a morte do amigo comum tinha sido repentina e fria.
Todos estavam inconformados com a crueldade que tudo tinha transcorrido.
As discussoes sobre a violencia urbana, porte de arma, vingança, incompetência
pública animavam algumas rodas. Todos tinham as respostas. Todos poderiam ter
evitado aquilo. Pelo menos teoricamente.
Raquel sabia da possibilidade de encontrá-lo, e seu estomago se
contorcia. Não da maneira prazerosa de antes. Antes de tudo acabar. Mas havia a
torcida que ele estivesse fora da cidade, e os rumores fossem verdade. Casado,
longe dali.
Sentiu um aperto na mão, sua prima querendo lhe tirar da estratosfera.
Lilian estava ali para aquilo certo? Apoio moral e não deixá-la passar
vergonha. Sentiu os olhos verdes tão familiares que queriam lhe transmitir toda
a segurança possível. Acenou com a cabeça, ela estava bem. Estava bem. Continue repetindo.
Tanta coisa na sua cabeça, tanta inconformação de como o mundo seguia. Alguém
que tivesse clemência e parasse esta porra porque ela não aguentava mais. Aquela
sensação de impotência. E era ainda maior pelo temor de encontrá-lo. Seu irresistível
sorriso, seus braços tatuados, seu cabelo rebelde, o bronzeado que lhe cobria
toda a pele. O gosto de sal.
Deixou o ramalhete de margaridas no peito do amigo. Pálido. Rígido.
Ausente. Afastou aquela dor ao lembrar-se de como o tinha conhecido, como tinham
passado tantas coisas juntos. Todos os mochiloes, todas as aventuras. Cada foto
tirada juntos. Felipe sempre lhe arrancava gargalhadas. Sempre. E agora... Não
mais. Lágrimas.
Quem iria lhe fazer os melhores mojitos, deixar-lhe uma sacola de livros
toda a sexta, chamar-lhe de “chica”,
e ter discussões incansáveis sobre a falta de sentido nos partidos políticos e o
último filme de Anne Hathaway na mesma festa? Ela nem lhe devolvera seu Jean
Hatzfeld. Como ela devolveria agora? Não conseguiu evitar o som vindo da sua
garganta. Não mais.
Passou a mão sobre o rosto do amigo saiu antes de perturbar a família
com o seu pesar e sentiu uma mão no seu ombro. Não precisou virar, conhecia
aquele toque.
Ali estava Gustavo com uma face apreensiva, sem saber o que dizer e nem
como agir com ela. E ela sabia? Era o mesmo, e não era. A única coisa certa era
que eles não eram.
- Eu não...
- Nem eu...
O que seja que eles quisessem dizer.
A mão dele ainda repousava no seu pulso, num contato incomodo que ela
cortou disfarçando que arrumava o cabelo. Sua prima olhou feio para a cena e
trocaram mensagens daquelas telepáticas; não, ela não precisava interferir e
arrancar os órgãos internos dele. Estava sob controle, ou pelo menos ela dizia
isso a si mesma.
Via como ele observava seus cabelos, estavam mais escuros e compridos desde
a última vez que se viram, Raquel sabia como ele gostava de tocá-los, viu nos
olhos dele que isso não mudara. Nem a maneira como ele reconhecia cada curva do
corpo dela. E com certeza, tentava fazê-lo com prudência, mas a moça reconhecia
o desejo dele. Como se ele quisesse mais uma vez lamber a pele de chocolate
dela. Era como tentar não olhar um acidente na rodovia. Impossível.
Pensou que ouviu que o rapaz lhe contava sobre seu novo trabalho, e a cidade
onde vivia agora, mas ficou pensando porque tinham que travar aquela conversa
trivial. Queria saber algo dele? Ela não tinha cortado os laços, proibido os
amigos de lhe mencionarem, os lugares em comum, sumido com as besteiras que lhe
lembravam dele... Como se ele nunca tivesse passado em sua vida. Ela não queria
saber. Era dele a curiosidade.
Por que ele falava dos filmes que tinham combinado ver juntos? Ou dos
lugares que tinham visitado juntos? Ou de suas piadas intimas? E aquilo progredia sobre o brilho dourado repousado
sobre o dedo anular dele. Era verdade. Mas não mencionara nada, nem ela.
As lágrimas vertidas podiam ser confundidas por aquelas ao amigo que
jazia a poucos metros. Não eram apenas de tristeza, eram de raiva também.
Com aquele pensamento na cabeça nem percebeu quando ele lhe perguntou
sobre sua vida, soubera que ela fora para a França, conseguira a bolsa e
terminara seu mestrado como planejado... E ela fez de conta que tudo ia bem, que estava
animadissima, que tinha vivido coisas inacreditaveis, que sua vida era uma tremenda
aventura. E de repente parou e pensou
que não era um conto, era verdade, sentia-se bem. E isso foi algo tão
insultante, ela não sabia para quem, mas era. Era feliz sem a sombra ele, e por
mais que quisesse que aquela aliança fosse a mesma que tinham escolhido uma
vez, ela era mais feliz sem ele.
Mas algo amargo vinha com aquela realização. Ele ainda ecoava no seu coração,
não como antes, de outra forma, algo diferente. Não sabia definir.
Pelo menos, ela tinha escolhido aquele vestido lilás, algo de confiança
surgia nela. Ela estava bem. Tinha sobrevivido,não ia encontrá-la numa síndrome
pós-guerra. Pior que encontrar um ex-, num funeral, era encontrá-lo no fundo do
poço. Sim, o esmalte nas unhas ao menos sinalizava amor próprio.
Sentiu os dedos dele que lhe limpavam o rosto, e um sorriso... O mesmo
que muitas vezes tinha lhe roubado as forças dos joelhos... Os olhos azuis
marotos que lhe observavam com doçura como da primeira vez que dançaram juntos.
Agradeceu pelos óculos escuros que lhe escondiam. Se não, teria visto a
surpresa/temor/saudade que aquele gesto lhe despertou.
- Não...-falou o mais firme que pode-... Não, Gustavo.
- Por que?...-pensou fingir que não era nada-...E você nunca me chamou
de Gustavo...
- Porque aqui não é o lugar para eu perder a minha paciência com você...
E Gustavo é teu nome... –procurou se afastar-... Você está fazendo de novo...
- Você vai começar de novo... –ele a seguiu.
- Sim... Todas as vezes que você fizer... Sim... –e aquele dia tinha que
ser quente assim ainda?
- Você falou que podíamos ser amigos, meu anjo...
- Amigos...-e tentou não pensar nele a chamando de anjo-... Você não
sabe o que isso significa. Você tem uma aliança no dedo, ela está aqui? –uma
sombra de arvore qualquer os saudava.
- Sim. –falou sem emoções ao certo.
- Ainda pior. –falou com todas as emoções erradas.
- Não é assim.. –ele secou o suor da testa.
- É bem assim... Ja estive no lugar dela.
- Você nunca esteve no lugar dela. Você...
- Eu sei... –disse com o significado que entendera-...Mas fui tua noiva,
e você não soube o que isso significava... Você quis o fim. Então...-prendeu o
cabelo desajeitadamente.
- Não era disso que dizia...
- Era o que?
- Nada.. Não importa.. –ela nunca entenderia.
- ...Então.. me deixe em paz.. –controlou-se para não levantar a voz.
- Eu não fiz isso? –buscou alguma ajuda ali, não sabia o que fazer perto
dela.
- Não... –falou irritada.
- Não? –tinha raiva na voz.
- Não quando a todo o momento você tem que relembrar da gente. Coisas
nossas... Você não quer deixar o pó cobrir o passado... E já não existe futuro
para a gente. Pare.
- Não se pode ignorar que nós tivemos um passado... Isso é totalmente
sem sentido...
- Como deve ser com qualquer passado assim... Não há como fazer diferente,
ele está enterrado...
- Você está vendo coisas onde não ha nada. Apenas queria te tratar
bem.Você é alguém especial para mim.
- Ou você não percebe o que está fazendo... Ou você é um puto filho-da-mãe!
- Mas se você se sente assim... É melhor... –ele falou furioso agora.
- É.. é melhor. –ela travou o maxilar numa luta interna.
Um olhar. Quanto tempo? Séculos? Sim, um olhar que durou mais que se
pode prender a respiraçao por. E tudo aquilo que podia ser, tudo que não
aconteceu porque faltou tudo que não podia faltar.
E então, nada. A morena viu as costas dele que se distanciavam. Sentiu
os joelhos falharem. Não como antes. Antes de tudo aquilo ter se quebrado em
zilhoes de pedacinhos. Quantas vezes alguém pode torcer tua alma? Quantas vezes
alguém pode pedir perdão pela mesma coisa?
Chega um ponto num relacionamento que você está sempre sozinha montando
aqueles zilhoes de pedaços, que você tem que decidir se quer isso para sua
vida. Fechar os olhos ou usar as pernas. Raquel tinha usado a boca para mandar
Gustavo para o inferno, e saiu do apartamento deles usando seu par de saltos
preferido.
Fazia algumas horas que nem lembrava mais daquele encontro. Ou ao menos
tentara. Até seu IPhone sinalizar.
“There are places I will remember all my life…”
Dele.
Puto trabalho que ele deve ter passado para achar o numero novo dela.
Ainda mais com a mulher a tira colo.
Mais uma memoria. Como se ela não soubesse aquela musica de cor. Ou ele.
Uma dor. Uma dor bem lacerante. Sabia muito bem como aquela musica
significava, como acabava. Que porra ele queria?!! Não queria nada, mas também não
queria deixá-la seguir.
Filhos da puta de todos os homens que precisam desta pseudo segurança. Não
sabe o que querem. Querem tudo. E te sujeitam a isso. Merda. Querem você ali,
em coleira curta para qualquer coisa. Um bote salva-vidas!
Ela sorriu.
“yeah it makes me smile, yeah it makes me smile”
E enviou sem segundos pensamentos.
Vamos brincar também com a cabeça
dos outros, ela pensou.
Gustavo nunca tinha gostado de pop mesmo, a eclética da relação sempre tinha
sido ela. Em todos os quesitos. Sempre flexível, sempre comportando todos os
gostos, taras e desmandos dele.
Gostaria de ver a cara dele quando juntasse as peças, e achasse aquela
musica. Mas... Isso pode demorar.
“Beatles acabaram há algumas
décadas. Sugiro Lily Allen.”
E orriu, pegou o copo de cerveja gelada e levou aos lábios podendo ouvir
o ritmo da música na sua cabeça.
Voltou à atenção para a conversa na mesa com os amigos e olhou tudo a
sua volta e sorriu. Lilian contava uma história de como Felipe tinha lhe
salvado de um cara numa festa de carnaval, havia uma tristeza permanente no
rosto de todos, mas uma risada surgiu de cada um com o final. Ele tinha sido o
melhor em arrancar gargalhadas. E eles iam sentir tanto sua falta.
A prima passou o braço sobre seus ombros.
- Era ele, não? –sussurrou e Quel concordou- ...Idiota.
As duas trocaram um olhar de comparsas e riram, balançando as cabeças em
uníssono.
Não era um faz de conta. Ela era feliz sem ele. Não lhe permitia roubar
sua vida de novo.
Ela olhou para o horizonte.
E isso era bom. Muito bom.
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