segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cover to Cover: On The Road por Jack Kerouac





“Eu tinha acabado de me livrar de uma doença séria, da qual nem vale a pena falar, exceto que teve algo a ver com a maldita separação e com o meu sentimento de que tudo estava morto. Com a vinda de Dean Moriarty começa a parte de minha vida que pode ser chamada de vida na estrada”.

Quando eu soube que o Salles tinha conseguido quebrar a maldição, e finalmente o projeto para adaptar este livro tinha conseguido o sinal verde do Copolla... Fiquei contentíssima. 

O diretor brasileiro já tinha provado seu feeling com road movies com o magistral Diários de Motocicleta, e Kristen Stewart (no elenco desde os 16 anos por Marylou) afirmava que era um dos seus livros favoritos. E alguém que tem Steinbeck como autor preferido, tem todo meu credito. Assim, com ótimos indícios, coloquei este clássico na minha lista dos livros have to read.
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Ok, depois de le-lo, consigo compreender a razão de ser o ícone de uma geração, de um movimento literário, catarse de muitas coisas que surgiram. Não apenas na literatura, como na musica, poesia, cinema...Compreendo. Retrata algo do pós guerra, final da década de 40, onde o mundo tentava descobrir como viver depois de uma II Guerra. Todos ansiavam por vida e famílias felizes ...Uma compensação, uma negação.

Sim, ao ler “On The Road” você sente o “beat”...O texto é rápido, cheio de descrições e viradas aleatórias, não segue uma matriz clássica. Sim, você está na estrada e não sabe o que irá cruzar teu caminho. É pulsante e intenso e novo para sua época.Ilustra uma geração que procura sentido, direção... Onde jovens de classe média branca letrados buscam drogas variadas, sexo antes do casamento, música negra, mescla de classes e raças, confissões cortantes... Isso tudo antes do movimento Hippie ou do Rock´n´roll.

Percebe-se entre as viagens, como Salt muda de alguém excitado com as incertezas da estrada para alguém mais cético, e mesmo assim viciado na instabilidade de Dean... Questionando porque todos aqueles estao fugindo de seus problemas ali. Questionando suas motivações. 

Alguns personagens poderiam ter um filme apenas para eles, de tanta riqueza de realidades e loucuras que se passam por estas páginas. A Marylou é, em sua proporção, a personagem que uni os dois protagonistas. De um lado, a vida sexual livre deles pode ser vista como algo vanguarda para a época, ela mesma como uma feminista... Mas de outro, ela é apenas uma criança sozinha e perdida. E as mulheres ali são apenas usadas e abandonadas. 

Creio que é isso que não amei está história, por mais que se queira enobrece-la, são todos crianças sozinhas e perdidas buscando desesperadamente por algo. E machucando-se e a outros por seu caminho. São inconsequentes demais. Eu teria mais respeito pelo Salt se quando ele ficasse sem dinheiro, fosse trabalhar, ao invés de sempre procurar a saída mais fácil. E endeusar Dean é algo tao fácil, mas triste também. 

Eu compreendo sua mística, contudo de livros com o pé na estrada, continuo fiel a Into The Wild. É compreender a vida que procuro nela, não fugir desta. 

“Não era isso. Algo, alguém, algum espírito nos perseguia, a todos nós, através do deserto da vida, e estava prestes a nos apanhar antes que alcançássemos o paraíso. Naturalmente, agora que reflito sobre isso, era apenas a morte: a morte vai nos surpreender antes do paraíso. A única coisa pela qual ansiamos em nossos dias de vida, e que nos faz gemer e suspirar, sujeitos a todos os tipos de dóceis náuseas, é a lembrança de uma alegria perdida, provavelmente experimentada no útero, e que somente poderá ser reproduzida (apesar de odiarmos admitir isso) na morte. Mas quem quer morrer?”





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